Friday, May 06, 2005

Histórias no machibombo I

No outro dia estava eu, o bonza e o tremoço à espera do machibombo 35 quando deparamo-nos com um indivíduo baixo, gordo, encavacavado que nos perguntou as horas. Eu respondi logo que estava com pressa porque tinha o batido de carbono ao lume. O bonza estava entretido a jogar à macaca e à mamã dá licença e o tremoço ficou a escrever poemas a olhar pelos binóculos que o avô lhe tinha dado por altura do seu aniversário. O homem disse logo que “esta juventude de hoje em dia... pois... também...”. Eu disse que não respondia sem a presença do meu advogado que devia estar nas ilhas Sesé a semear ervilhas e beterrabas para o pequeno-almoço. E o homem ficou sem saber que horas eram... Eh, eh!!! Veio o machibombo e mal parou, o bonza disse logo que estava lá o revisor à coca. Assim que entrei no machibombo deparei com um espectáculo único e indigno de se ver. Estava um cachopo e uma moça na marmelada nos bancos de trás. As velhotas iam dizendo que “isto e aquilo”, que “os miúdos de hoje em dia são uns marotos”, que “aquilo é uma pouca vergonha”, quando o tremoço levanta-se, e com ar de quem vai dar o grito do ipiranga, disse convictamente: “Eu gosto mais da marmelada com manteiga à mistura!” E foi um descalabro, foi uma rebaldaria imensa no machibombo. Enquanto a velhota que estava sentada no banco da frente atirava com o peixe podre à cara do tremoço, eu levava com as mãos gordurosas do puto que andou a comer batatas fritas na boca e o bonza tentava (a)tirar o condutor para fora do machibombo para poder buzinar à vontade.

By caroço do pêra e a cabecinha branca do tremoço

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